segunda-feira, 27 de abril de 2009

Testamento...



Deixo-te o silêncio,
Para que saibas ouvir o Infinito.

Deixo-te o sorriso,
Para que saibas inventar a Alegria.

Deixo-te um abraço,
Para que saibas sentir a Ternura.

Deixo-te o olhar largo e vasto,
Para que aprendas a ver Além de Ti.

Deixo-te palavras por escrever,
Para que com elas construas pontes.

Deixo-te a mão aberta, nua,
Para que, com a sua ajuda, subas mais alto.

Deixo-te o silêncio, pleno de burburinho,
Para que, com ele, saibas ouvir o que tem valor.

Deixo-te as palavras que escrevi,
Para que delas, tires o que valer a pena.

Deixo-te o olhar vago de quem quis ser único,
Para que, por ele, saibas o tamanho da solidariedade.

Deixo-te as palavras que fui alinhando,
Para que por elas, percebas quem fui.

Deixo-te o pouco e sem valor que escrevi,
Para que possas amar as palavras,
Que constroem o diálogo e vencem o inconformismo.

Deixo-te em testamento letras dum alfabeto,
Sem alinhamento ou sequência,
Porque é assim que a vida flui,
Mesmo quando, teimosamente, a queremos alinhada em fileiras de submissão.

Deixo-te o que Fui, em Tudo o que Sou...
E, se nada tiver valor,
Não te esqueças nunca:
Que te amei!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Novo sentir



Perdi as respostas óbvias que sustentavam todo o meu ser...
Abro as mãos...
Restam-me as linhas da vida, escritas em mapas de pele...
Linhas que se escrevem sem que eu peça ou ordene...

A Vida segue o curso óbvio...
O Destino cumpre-se...
Espero e contemplo...
Perdi o controlo...
Obedeço...
Curvo-me em derradeira contemplação...

As palavras cambiam lentamente na sua génese...
Transformam-se e escapam-se-me por entre os dedos...
Os olhos já não me trazem o Mundo...
Fazem-me olhar para bem dentro de Mim...
Fazem-me mergulhar em pensamentos, sentimentos e sensações...
Fazem-me reviver momentos perdidos, trazendo-me cores e cheiros omissos...

Sei e vejo...
Vejo-me aqui, tão longe...

A vontade impera e volto a estar de onde fugi...
Silêncio...
Este silêncio que eu própria construí...

Inauguro uma nova ponte até Ti...

Viajo rumo ao Passado, mordo a Saudade, bebo os erros e a Felicidade...
Sem arrependimento, abraço a nostalgia das lembranças que ainda vivem no meu peito...

Perdi as verdades absolutas que me guiavam...
Rumo em direcção ao Futuro...

Sinto este “novo sentir” que ainda não sei interpretar...
Saboreio o medo do desconhecido e faço-me forte...
Caminho em frente, camuflada do Mundo...

Destruo a nova ponte...

Sigo em frente...
Ainda com as tuas tatuagens em mim...

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Desconheço-me!



Desconheço o selo com que lacro esta incapacidade de sentir...
Desconheço-me!

Fecho atrás de mim todas as portas.
Esqueço todas as lacunas.
Apago todos os beijos e abraços.
Rasgo as lembranças.
Perco as flores.
Pinto uma parede branca cheia de ausências, vazia de vida,
À espera de ser preenchida.

Desconheço a tinta...
Odeio este branco com que apaguei todas as memórias...
Desconheço as mãos que me levaram para longe as flores...

Abandono quem fui.
Esqueço todos os desejos.
Esqueço a Alma.
Pago o preço da paz.
Transformo-me numa boneca de pano velha e desbotada...

Desconheço-me!

domingo, 12 de abril de 2009

Nos braços de um Anjo...



A tua presença na minha Vida, onde quer que estejas...

Tão leve, mas tão delicado quanto o toque das nuvens...
Tão breve, mas tão profundo quanto o universo...
Tão sincero quanto as lágrimas que insistem em cair-me...

O que eu vejo, ainda que com perfeccionismo descrito,
Jamais seria passível de uma explicação considerável...
Nem mesmo eu consigo suportar com total sanidade todos os momentos,
Risos, sorrisos, detalhes dos momentos que vivencio...

Por tal me desculpo, ao passo que não sou capaz de expor toda a minha felicidade...

Explode em mim esta sensação dominante...
Este meu 'Eu' abrangente...
Esta minha vida de vitórias, de derrotas,
De altos, de baixos, de “inconclusões” com final comum...

Sei o que quero!
Não sei até onde vou!
A minha ousadia é temida pelo meu âmago...
É sentida pelos meus sentidos...
É encarada pelo meu sorriso...

As minhas lágrimas são o fruto das mais nobres emoções que posso eclodir...
Elas escorrem e levam de mim as lembranças tristes que no passado repousam, as feridas adormecidas...

Quando a mim me for dada a oportunidade da compreensão,
Então estarei disposta a arriscar aquilo que ainda não arrisquei...
Dia após dia...

Nos braços de um Anjo,
Se encontram os meus sonhos...
Nos braços de um Anjo,
Se encontram os meus desejos...
Nos braços de um Anjo,
Eu me encontro perdida...

Este Anjo, secreto para mim,
Este Anjo, que me acolhe em seus braços,
Nos meus momentos de devaneios lúcidos...
Ele que me tem por inteira,
Que sabe o que existe no fundo da minha Alma...
Ele que zela por mim,
Como que por um bebé frágil e dependente de seu Amor...

Desconheço como é o seu rosto,
Para mim ele é só um pensamento,
Um sonho abafado pela realidade gritante...
Mas sei que é real,
Pois sinto-o em todo o meu ser,
De uma maneira intensa, plena, suave, real...


Eu estou nos braços de um Anjo...

E nos braços de um Anjo eu quero morrer,
O mesmo Anjo que Anjo me tornará,
Porque a sua asa com a minha se completará...