segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Procura-me...
Procura-me, como se procurasses no escuro...
Tacteia...
Procura-me no silêncio dum caminho sem destino...
Procura-me nos teus olhos que me olharam fixamente!
Eu estarei lá, a imagem que guardaste e que revelas,
Quando a memória despertar e tu acordares para a saudade.
Procura-me no sabor lascivo dos teus lábios...
Procura-me no sabor amargo duma lágrima órfã,
Que veio lavrar um risco incerto, na tua face...
Procura-me...
Mesmo que não me encontres eu estarei lá!
Procura-me,
Perdida dentro de ti,
Onde só tu me podes encontrar...
Procura-me e dá-me a mão, faz-me tua outra vez...
Talvez assim, eu seja eu novamente...
Procura-me...
E, numa explosão de vontades,
E, numa infinidade de desejos,
Numa avalanche de sentidos...
Eu ressuscite...
Para ti!...
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Estou cansada...
Estou cansada de olhar o mundo pela janela,
De ver a vida correr lá fora,
De ouvir os sons da rua filtrados pelos vidros, pelas paredes, pelas portas...
Cansada de ter como ponte para o exterior uma caixa de imagens desprezíveis, desinteressantes...
Estou tão cansada de tudo e de todos que submirjo ávida nas letras dos livros,
Que me devolvem a sanidade,
Que me levam a viver outras vidas,
A sonhar outros sonhos,
A sofrer de paixão,
A amar incondicionalmente,
A chorar outras lágrimas,
E a esquecer-me das minhas...
São elas, as letras,
Que me fazem voar,
Soltar-me da Terra,
Sorver em fortes golfadas os ventos do mar,
Envolver-me na sua espuma,
Enredar-me nas suas ondas,
Vestir-me de algas,
Visitar os seus segredos...
E encontrar-me entre o sal das ondas e o das lágrimas,
Desta vez das minhas, soltas na solidão...
[Estou cansada de mim e do meu espírito de luta, da minha entrega, do meu querer...
Ensina-me a esquecer-te e eu ensino-te a amar...
Pode ser?]
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